“Sabeis que os governantes das nações as dominam e os grandes a tiranizam. Entre vós não deverá ser assim. Ao contrário, aquele que quiser tornar-se grande entre vós seja aquele que serve. E o que quiser ser o primeiro entre vós seja aquele que serve” (Mt 20, 24-28).
Continuando a nossa reflexão sobre os nossos irmãos celestiais, chegamos ao quarto coro da hierarquia celeste. Hoje, falaremos das Santas Dominações. Quem são? Por que possuem esse nome e como se relacionam com Deus e conosco?
A doutrina da Igreja, bem como os ensinamentos dos santos padres e medievais, nos ensinam que entre os anjos existe uma ordem. Uma vez que o céu é uma sociedade, onde, por sua vez, tem harmonia entre aqueles que nele habitam. Desse modo, depois de ter falado da primeira hierarquia, agora trataremos da segunda hierarquia do céu: o primeiro coro da segunda hierarquia; a tradição os chama de Dominações.
Veja bem, se a primeira hierarquia está ligada ao trono de Deus, no sentido que os Serafins, Querubins e Tronos assistem diretamente ao trono celeste, assim sendo, vivem uma dimensão de adoração íntima e próxima, em comunhão direta com o Senhor, participando da Sua glória fulgurosa. Por sua vez, os anjos da segunda hierarquia se caracterizam pelo serviço ministrado aos outros anjos. Sim, eles adoram a Deus servindo seus irmãos1.
O significado de Dominações
A palavra Dominações vem do grego Kyriotes e do latim Dominus, que na nossa língua vernácula se traduz para senhores. Pode-se pensar uma vez que eles são senhores, então, não é característico deles servirem, mas serem servidos, certo? Mas no reino dos céus não é assim.
Eu quis citar o texto do evangelho acima em que Jesus, nosso Senhor, ensina para os seus apóstolos que o modo de governar e de exercer a autoridade sobre alguém se baseia no serviço humilde de reconhecer que: se estou acima dos outros é para que os possa fazer subir à mesma dignidade onde me encontro.
Então, tudo isso faz sentido pelo fato de que as santas Dominações sendo anjos que governaram os outros anjos o fazem a exemplo de como Cristo governa o mundo. E como governa? Se esvaziando de si mesmo (Fl 2, 6-11); tornando-se semelhante aos seus irmãos (Hb 2,17); e servindo, tornando-se servo dos servos. O Filho de Deus é o Servo (Is 53) por excelência, Ele exerce a sua diaconia (serviço) ao resgatar homens e mulheres para Deus.
Os santos anjos não possuem poder por si mesmos, mas assim como nós eles participam da vida divina. Ora a fonte da autoridade das santas dominações reside no senhorio do único Senhor, do Único Dominus, do único Kyrios, por isso, os seus nomes derivam dessas palavras do grego e do latim, que remetem ao único Senhor que está sentado no trono.
Esses nossos irmãos possuem, antes de mais nada, a virtude da temperança e, ao mesmo tempo, aquela da humildade pelo qual reconhecem que, ao servir seus irmãos (incluindo nós), estão de alguma forma se configurando a Cristo. E são felizes e plenos em viver assim.
Nesses nossos irmãos, aquilo que nos chama a atenção é a capacidade que esses possuem no exercício do governo. Eles não se deixam corromper nem mesmo se distraem com coisas passageiras, uma vez que o centro vontade e intenção desses e o mover são o próprio Deus. Nisso, São Gregório Magno nos chama a atenção para uma realidade importante das santas dominações: antes de governarem os outros, eles governam e dominam a si mesmos2.
Governar a si mesmo
Governar a si mesmo é o maior de todos os desafios e, ao mesmo tempo, é o que se espera dos homens e dos anjos que dotados de razão, liberdade de escolha e intenção podem escolher voluntariamente como agir e viver no mundo3.
Portanto, antes de governar, conduzir e coordenar alguém, temos de nos perguntar se governamos a nós mesmos. Somente será um bom governante se aquele que governa aprendeu a governar a si mesmo4.
Nessa linha de pensamento, entendemos que as santas Dominações são os anjos que distribuem harmoniosamente as missões e tarefas aos outros anjos, mas com uma humildade e prontidão em servi-los. Por isso, são senhores.
A sua autoridade sobre seus subalternos não reside nas ordens, mas na ação de se colocar à disposição e se rebaixarem em direção aos que estão abaixo de si, comunicando e “iluminando” os outros anjos a respeito das ordens divinas5.
Ainda sobre as santas Dominações, Pseudo Dionísio nos ensina que esses anjos estão em um grau de elevação espiritual e comunhão com Deus tão profundas que os fazem serem livres de qualquer compromisso com alguma coisa que não seja o servir e adorar a Deus.
Esse servir os faz livres de qualquer apego ou idolatria de qualquer status de serem reverenciados, pois todo o seu ser está voltado para aquele que é o Senhor dos Senhores. Também eles se chamam dominações porque participam do único princípio de governo e de realeza que está presente no próprio Deus6.
O que Gregório quer dizer com estas palavras?
Dentro disso, o que me chama a atenção ainda sobre esses anjos de Deus, é que São Gregório Magno nos diz que:
“Aqueles que conseguem dominar a si mesmos e seus instintos estão próximos deste coro de anjos”7
Em um resumo, ele está afirmando que aqueles que dominam a si mesmos entram em comunhão com esses anjos. Portanto, esses nossos irmãos nos são propícios em momentos de tentação e de provação quando, por nossas forças, não conseguimos resistir ao pecado e aos outros vícios. Eles podem ser invocados para nos auxiliar. E como alegres irmãos que servem, eles virão prontamente a nos auxiliar, se nós recorrermos a eles.
Então, terminando a nossa reflexão podemos ter como exemplo esses “senhores” que reconhecem que existe um único Senhor que está acima de tudo e de todos e, mesmo sendo tão inacessível e alto, Ele se rebaixou na condição de servo para nos elevar à condição de filhos de Deus.
Santas Dominações, intercedei por nós!
Referências:
1 Cfr. SÃO TOMÁS DE AQUINO, Summa Theologica II, Edições Loyola, São Paulo 2005, Q. 108, Art. 6, p.780.
2 Cfr. GREGORIO MAGNO, Ommelie XXXIV,11.
3 GIOVANNI PAOLO II, Udienza generale, Mercoledì, 6 agosto, 1986, 3.
4 Cfr. SEVERINO BOEZIO, Consolazione della filosofia, BUR, Milano 1999, 368-369.
5 Cfr. SÃO TOMÁS DE AQUINO, De veritate, Q. 9, Art. 1.
6 PSEUDO-DIONISIO, Hierarcha celeste, BIBLIOTHECA PATRISTICA, VIII, 18.
7 Cfr. GREGORIO MAGNO, Ommelie XXXIV,11-12.
Originalmente publicado no portal Canção Nova
Eu tenho um amor muito grande pelos anos, desde de criança que minhas orações são direcionadas para esses seres celeste. São Miguel Arcanjo já me socorreu em mts momentos. São Rafael e São Gabriel igualmente. Nunca deixo de rezar para meu anjo da guarda. E vc Rafael me trás os ensinamentos do evangelho de Cristo e alegria dos anjos. Deus o abençõe!!
Eu sempre rezei ao meu anjo da guarda desde criança aprendi com meu pai e minha mãe, e eu procurava por São Miguel Arcanjo na rede social para saber se tinha alguma igreja e encontrei o Exercíto de São Miguel Arcanjo do Instituto hesed e comecei a seguir e participar das lives e atualmente ja estou fazendo a terceira quaresma e gostei muito da sua live e quero entender mais sobre os Anjos.
Louvado seja Deus! Que os Santos Anjos continuem sendo sua companhia.